
Brasil enfrenta sério problema de falta de oferta de contentores refrigerados
Marítimo 16 Junho, 2017 Comentários fechados em Brasil enfrenta sério problema de falta de oferta de contentores refrigerados 750O Brasil, um dos grandes exportadores de alimentos e de outros produtos perecíveis a nível global, enfrenta um sério problema de falta de contentores refrigerados, em particular no sul do país.
Segundo notícia do portal ShippingWatch, o problema está relacionado com a decisão de grandes armadores, como a Maersk Line, a MSC, a Hamburg Süd ou a Hapag-Lloyd, que deslocaram parte significativa da sua frota de contentores reefer para outras regiões da América Latina, onde as margens estão mais favoráveis.
«Tenho de admitir que, enquanto terminal, estamos a perder dinheiro e volumes porque não existe equipamento disponível», refere Rene Wlach, responsável do Porto de Rio Grande.
O problema de falta de contentores refrigerados está a sentir-se mais nos portos dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, conhecidos pela sua produção alimentar e vocação exportadora de carnes congeladas ou fruta para a Europa ou Ásia. Também no porto de Santos, o maior do Brasil e da América Latina, se está a sentir este problema da falta de contentores refrigerados, que se tem acentuado desde Janeiro.
Efeito dominó em toda a cadeia logística
O problema de falta de oferta de contentores refrigerados está a provocar um efeito dominó em toda a cadeia do frio no Brasil. «A situação é muito crítica em muitos locais, com armazéns cheios e onde as empresas que oferecem capacidade de armazenamento a temperatura controlada para bens congelados como carne de porco, carne de vaca, frango, peixe, sumos, fruta, e outros produtos a não conseguirem aceitar mais produtos. Estamos também a assistir a exemplos de produtores de carne que têm que reduzir a sua produção pela falta de espaços de armazenamento e de contentores disponíveis», refere fonte local ao portal ShippingWatch, que admite ainda que o problema afecta toda a cadeia e, sobretudo, «a economia brasileira em geral e as várias empresas exportadoras que perdem quotas de mercado».
Consolidação será uma das causas
A consolidação no sector do shipping que se vem assistindo nos últimos tempos é apontada como uma das grandes causas desta falta de contentores refrigerados no Brasil.
«A actividade dos armadores parece estar mais organizada devido ao colapso da Hanjin Shipping. Entretanto, a fusão entre a Hapag-Lloyd, a chilena CSAV e a UASC limitou a selecção de armadores. O mesmo se aplica à fusão da chinesa COSCO com a OOCL, já para não falar da possível fusão das três companhias japonesas MOL, K Line, e NYK», referem analistas.
Maersk Line justifica a falta de contentores refrigerados
Entretanto, o director da Maersk Line para a Costa Este da América do Sul, Antonio Dominguez, admite o problema e justifica a falta de contentores refrigerados vazios com a crise na importação brasileira.
«O Brasil passou de um país maioritariamente importador para um maioritariamente exportador em 2017, levando a um desequilíbrio entre exportações e importações. Isto leva a que os armadores e os exportadores estejam a sofrer com a falta de equipamento, desde espaço nos navios a contentores. Os importadores estão a começar a recuperar mas mais lentamente do que seria desejável», admite o responsável regional da Maersk Line.
A aquisição da Hamburg Süd dará à Maersk Line uma significativa quota de transporte de contentores refrigerados no Brasil. E, juntando-se à MSC na Aliança 2M, a quota ainda cresce mais.