
MAIS quer juntar Açores à ligação entre Lisboa e Funchal… e com um avião maior!
Aéreo, Entrevistas 27 Outubro, 2017 Comentários fechados em MAIS quer juntar Açores à ligação entre Lisboa e Funchal… e com um avião maior! 1405O Consórcio MAIS lançou há alguns meses um avião cargueiro a ligar Lisboa e o Funchal. Em entrevista à Revista Cargo, António Beirão admite objectivo de chegar a novos mercados, com destaque para os Açores. E também a ambição de aumentar a dimensão do avião em operação. Fique com a segunda parte da entrevista:
O avião cargueiro escolhido foi um ATR- 72. Que razões estiveram por detrás da escolha desta aeronave?
Este avião tem uma grande vantagem que é a relação qualidade-preço. É um avião com consumos baixos, bastante fiável e sólido. Se quisermos passar para um outro avião com maior capacidade, seria já um avião a jacto. Acreditamos que teremos procura para avançar para um Boeing 737-F. Mas, neste momento, essa aeronave faria com que tivéssemos de praticar preços proibitivos. O avião ideal para os primeiros seis meses ou para o primeiro ano é o ATR-72. Mas se a procura crescer como esperamos, avançaremos para um avião com maior capacidade.
Porém, importa salientar ainda que para utilizar um avião como o 737, provavelmente teremos de alargar a operação a outros destinos. E aí temos pensado ligar também a Ponta Delgada, numa ligação triangular Lisboa-Funchal-Ponta Delgada e regresso a Lisboa. Os Açores já foram uma possibilidade em cima da mesa e queremos mesmo chegar lá. Acreditamos que será a forma ideal de trazer mais carga para Lisboa, equilibrando a ida com a volta. Porque há muita mais procura de carga de Ponta Delgada para Lisboa do que do Funchal, desde pescado a carne. Mas vamos primeiro consolidar este projecto, teremos tempo para chegar a Ponta Delgada.
E que outras ligações estão previstas na Europa continental?
Estamos a lançar um camião diário entre o Porto e Lisboa, que sairá do Porto ao princípio da noite e chegará a Lisboa às 2h da manhã, com carga que poderá ser transportada no avião para o Funchal às 6h.
Por outro lado, temos já a funcionar uma ligação de camião entre Lisboa e Madrid, que coloca os produtos perecíveis da Madeira no mercado de Madrid no próprio dia. O avião chega a Lisboa às 16:15h e às 17:30h o camião sai com destino a Madrid. Neste caso, trata-se de um camião a temperatura controlada dado o tipo de produto transportado.
Essa ligação ao Porto é só para produtos de Portugal continental para a Madeira ou o camião regressa depois ao Porto com carga da Madeira para o norte do país?
Para já não tivemos pedidos para levar carga para o Porto. Mas se amanhã os clientes nos pedirem, estamos preparados.
E há oportunidade para chegar a outros pontos por via aérea?
Sim, isso passará pelo acordo Interline que vamos fazer com algumas companhias aéreas. Com esse, nós faremos o serviço do Funchal até Lisboa e depois passamos a carga para os aviões da British Airways, da Lufthansa e de outras companhias. É um acordo que só será elaborado em Setembro, pelo que não estará em vigor antes do início de Outubro.
O que inviabilizou a entrada nos Açores?
Nos Açores as coisas funcionam de maneira diferente. Existiram dois concursos públicos de concessão lançados pelo Governo, com um conjunto de normas que para nós seriam pouco comerciais. O Governo preparava-se para compensar a empresa que explorasse a linha em regime de concessão, com um determinado montante, e a empresa obrigava-se a explorar a linha a um custo que estava no caderno de encargos. Mas, por mais que fizéssemos as contas, não seria viável. Perde-se tempo com concursos que fogem muito da realidade, concursos para cumprir determinados calendários. Mas alguma coisa tem de ser feita e é um mercado de que não desistimos.
Mas, com a consolidação do projecto na Madeira e com a possível introdução de um avião com outra capacidade, parece-nos possível começar a voar para os Açores sem contrato de concessão.
A entrada nos Açores também pode ganhar força pelo facto de já existir a ligação à Madeira?
Sem dúvida! Muitos dos clientes serão os mesmos e podemos ir à boleia do sucesso que esperamos ter na Madeira. Os Açores podem ser o mercado que precisamos para equilibrar a ida e o regresso. E percebemos o potencial que existe no actual contexto turístico do arquipélago. Haverá potencial para fazer cada vez mais carga também para alimentar toda uma economia ligada ao turismo. É que temos muitos voos para os Açores mas são sobretudo de companhias Low Cost que não transportam carga.
Ter um parceiro como a Swiftair com a experiência das Baleares e das Canárias é também uma vantagem nessa área, certo?
Sim, sem dúvida! A Swiftair traz não apenas os aviões, como todo um conhecimento acumulado. Eles viveram há uns anos o que nós estamos a viver aqui. Têm-nos incentivado muito, dizem que as coisas estão a correr muito melhor do que esperavam.