
SOPONATA «simbolizou orgulho nacional»: Luís Baptista analisou valor estratégico da empresa
Marítimo 13 Julho, 2021 Comentários fechados em SOPONATA «simbolizou orgulho nacional»: Luís Baptista analisou valor estratégico da empresa 839Durante o evento online ‘História da Marinha Mercante‘, que se realizou no passado dia 24 de Junho, Luís Baptista, presidente da Escola Superior Náutica Infante D. Henrique (ENIDH), a importância da SOPONATA para a autonomia nacional do transporte nacional de combustíveis.
SOPONATA «fundamental» na «autonomia em termos de aquisição de combustíveis»
«A constituição desta empresa foi fundamental para que o país ganhasse uma autonomia estratégia em termos de aquisição de combustíveis. Não foi imediato, claro, foram-se adquirindo navios, que eram excelentes, tinham uma capacidade em termos de maquinaria muito boa, eram, de facto, muito bem construídos. E, gradualmente, foram autonomizando o país em termos de transporte de produtos petrolíferos», explicou Luís Baptista.
Criada em 1947, por despacho ministerial, a SOPONATA – Sociedade Portuguesa de Navios Tanques, Lda, foi uma das importantes empresas que fez parte da Marinha Mercante Portuguesa. A empresa surgiu para dar resposta, à data, às dificuldades de abastecimento de combustíveis que faziam com que Portugal sofresse uma acentuada dependência energética face aos países com companhias transportadores de petróleo.
A companhia arrancou com três navios iniciais: o Gerez, o Aire e o Marão. Ao longo de 57 anos de existência, a empresa contou com 38 anos. «Só a Soponata, em meados dos anos 80, tinha mais de 1 milhão de toneladas de arqueação bruta. Assim se garantia, entre os anos 70 e 80, o abastecimento para o país, na sua plenitude. O que aconteceu, depois, foi que Portugal se desfez dos navios – em 1993 dá-se a desnacionalização, e, em 2004, a companhia é vendida à General Maritime, uma empresa norte-americana. Ficámos sem navios mercantes para transporte de produtos petrolíferos. Em 2004 dá-se o golpe final com a extinção (em termos de deixar de ter navios próprios) da Sacor Marítima», analisou Luís Baptista.
Autêntica «companhia emblema», refere Luís Baptista
«Actualmente não temos uma gota de combustível a ser transportada para Portugal – não falo apenas de petróleo mas também de gás liquefeito – sem ser por navios estrangeiros. Não temos frota própria, a não ser um navio muito pequeno, o ‘São Jorge’, que opera nos Açores e que lá faz cabotagem, pertença do Grupo ETE. Tínhamos poucos navios e uma Marinha Mercante incipiente no início do século XX, e, cem anos depois, estamos, mais ou menos, numa situação semelhante. Enquanto existiu, a Soponata foi, digamos assim, a nossa companhia emblema, a empresa que simbolizava o orgulho nacional», rematou o presidente da ENIDH, que participou na conferência, juntamente com Luís Miguel Correia.